O setor da saúde está se organizando no movimento "Todos pela Saúde" para exigir uma solução para a atual crise no sistema.

Nesta segunda-feira, desde Bogotá, pacientes, médicos, profissionais de saúde, acadêmicos, ex-ministros e sindicatos apresentaram o movimento "Todos pela Saúde", um coletivo que busca exigir ações urgentes em resposta à crise atual que o sistema enfrenta , um movimento que alguns membros desta organização vêm denunciando há vários meses.
Estiveram presentes na apresentação do grupo Karen Cortés, porta-voz cidadã; Ana María Vesga, presidente Acemi; Agamenon Quintero, presidente da Associação de Sociedades Científicas; Bruce Mac Master, presidente da Andi; Denis Silva, porta-voz da Patients Colombia; Augusto Galán, diretor de Assim Vamos em Saúde; Irmã María Inés Delgado, porta-voz de Pacientes Colômbia; Clemencia Mayorga, presidente da Associação Médica de Cundinamarca; Álvaro Molina, porta-voz das associações de usuários; Ex-ministro da Saúde, Alejandro Gaviria; Representante na Câmara, Andrés Forero; entre outros.

Os vários atores do "Todos pela Saúde" fizeram um apelo urgente ao Governo. Foto: Edwin Caicedo. O TEMPO
Segundo os diversos intervenientes, esta iniciativa partiu de doentes e utilizadores, que apelaram aos sindicatos, às organizações médicas e a outros intervenientes para que se unissem para exigir o mesmo ao governo: é urgente que sejam tomadas medidas para fazer face à situação atual, que, salientaram, é inédita.
O movimento também apresentou uma lista de dez demandas urgentes para acabar com a crise humanitária, com dez demandas para enfrentar a crise atual, que o grupo descreve como uma "crise humanitária" que deixará "milhares de mortes".
Entre as reivindicações estão o reconhecimento imediato da crise pelo Governo; melhoria e acesso imediato às consultas médicas para os pacientes; o aumento de leitos hospitalares diante do fechamento sustentado de leitos que se tem verificado nos últimos meses; um verdadeiro diálogo e participação entre o Governo e os diferentes intervenientes; cumprimento de ordens judiciais, incluindo aquelas relacionadas ao UPC; a proteção do talento humano, que foi afetado pela situação atual; entre outros.
Para fazer um apelo urgente, a organização tomará diversas medidas, como levar os casos de pacientes afetados pela crise à Corte Interamericana de Direitos Humanos; pedir às pessoas que se juntem a nós através das redes sociais com a hashtag #TodosxlaSalud, contando-nos como a crise atual as está afetando; o apelo ao Governo para cumprir as decisões do Tribunal Constitucional sobre o UPC; entre outros.

O movimento "Todos pela Saúde" foi lançado nesta segunda-feira, 19 de maio, em Bogotá. Foto: Edwin Caicedo. O TEMPO
Segundo a Irmã María Inés Delgado, porta-voz da Pacientes Colômbia e membro da comunidade religiosa Bethlemitas, não há “palavras para expressar a dor das famílias”. A freira disse que sabia de casos de famílias "desfeitas" afetadas pelas crescentes barreiras de acesso à assistência médica.
“Dia após dia, você vê pacientes dizendo: ‘Não aguentamos mais, estamos cansados, estão nos matando aos poucos’. (...) Sim, houve uma crise antes, mas a crise em que estamos hoje não tem precedentes. É uma crise de indiferença e mentiras. Não culpem os outros; assumam a sua responsabilidade. Que o Senhor os ilumine para que sejam capazes de não ficarem presos à sua ideologia. Não continuemos dividindo o povo colombiano”, exigiu Delgado.
Por sua vez, Augusto Galán, diretor da Así Vamos en Salud, expressou sua preocupação com o projeto de decreto com o qual o governo busca transformar o sistema de saúde e que circulou nos últimos dias. Segundo o especialista, o documento carece de respaldo legal, representa um risco operacional e reflete excesso de regulamentação. Para Galán, o governo não apresentou um plano claro e estruturado para transformar o sistema, e alertou que não é hora de improvisação ou retaliação política.
“Este não é o momento para experimentos ou retaliações políticas, mas sim para implementar o que realmente funciona e proteger a vida com evidências. Este projeto de decreto não deve avançar porque constitui um excesso regulatório, carece de respaldo legal e representa um risco operacional. A saúde dos colombianos não pode ser submetida a confrontos ideológicos. Nunca é o momento de destruir, muito menos agora. A reforma é necessária, mas com bom senso, por meio do consenso, não do confronto”, alertou Galán.

O movimento 'Todos pela Saúde' inclui vários atores do sistema. Foto: Edwin Caicedo. O TEMPO
Sobre os sindicatos, Bruce Mac Master, presidente da Associação Nacional de Empresários da Colômbia (Andi), enfatizou a urgência de uma resposta coletiva à crise no sistema de saúde do país e afirmou que a situação atual deve ser entendida como uma crise humanitária que pode se agravar, levando a centenas de mortes. Nesse sentido, ele pediu união nacional para encontrar soluções efetivas para superar o momento crítico que o setor atravessa.
“Decidimos nos unir e ser ativos porque o lema 'Todos pela Saúde' representa verdadeiramente a alma deste movimento. No fim das contas, todos nós somos, ou seremos, pacientes um dia. Não hesitamos em chamar isso de crise humanitária. Mais pessoas na Colômbia podem morrer se não agirmos. Nosso objetivo é claro: resolver e pôr fim à crise humanitária que vivemos hoje”, enfatizou o líder sindical.
Da perspectiva do paciente, Denis Silva, porta-voz da organização Pacientes Colômbia, denunciou a grave deterioração no acesso aos serviços de saúde em diferentes regiões do país. Ele observou que em cidades como Bucaramanga, Cali, Medellín e Barranquilla, os pacientes estão se manifestando contra a falta de entrega de medicamentos, a falta de consultas médicas e a escassez de leitos hospitalares. Silva observou que mais de 9.500 leitos foram fechados nos últimos meses, o que afeta principalmente as populações vulneráveis, principalmente as crianças.
“Enquanto estamos aqui, em Bucaramanga, Cali, Medellín e Barranquilla, os pacientes estão levantando a mão porque seus medicamentos não estão sendo entregues. Hoje, não conseguimos encontrar consultas nem leitos hospitalares. Mais de 9.500 leitos foram fechados. Será que este governo não se importa com as crianças? Hoje, todos os colombianos com qualquer condição médica estão em risco”, enfatizou Silva.
Apresentação de 'Todos pela Saúde'. Foto: Edwin Caicedo. O TEMPO
Ana María Vesga, presidente da Associação Colombiana de Empresas de Medicina Integral (ACEMI), afirmou que o sistema de saúde colombiano vive sua crise mais grave desde a implementação da Lei 100. Segundo Vesga, a discussão atual sobre a reforma da saúde carece de rigor técnico e científico, e os pacientes foram relegados a segundo plano.
O conselho alertou sobre o grave acúmulo financeiro resultante das altas taxas de acidentes, o que impactou particularmente os EPSs, com aumento de reclamações e reivindicações, muitas das quais foram objeto de intervenção. Segundo o dirigente, o sistema passa por um processo de colapso institucional, que não foi resolvido com a intervenção da Superintendência de Saúde e do governo, mas, ao contrário, agravou a situação.
Esta é a pior crise que vivemos desde a aprovação da Lei 100, em meio a um debate carente de conhecimento técnico e científico, deixando os pacientes no fim da lista. A taxa de sinistralidade hoje deixa um enorme acúmulo financeiro. Os EPSs com mais perdas são também os que mais reclamam e reclamam, e a intervenção da Supersalud (Superintendência de Saúde) também não tem sido a solução. O sistema está se desintegrando dentro de suas instituições. Por isso, precisamos pensar: o que vem a seguir? Vesga enfatizou.
Trabalhadores da saúde, Clemencia Mayorga, presidente da Associação Médica de Cundinamarca, exigiu uma solução urgente e melhores condições de trabalho para os profissionais de saúde, que também foram afetados pela crise. “Os profissionais de saúde exigem uma solução. É inacreditável que na Colômbia tenhamos médicos com seis ou até oito meses de honorários a receber. Acreditamos que a atual reforma da saúde carece de fundamento”, disse Mayorga.
Por fim, a médica e porta-voz cidadã Karen Cortés enfatizou que o movimento não defende nenhuma ideologia, mas sim a vida. “Como profissional de saúde, também vejo uma falha grave. Estamos diante de uma falha no Estado de Direito. A crise no sistema de saúde não pode ser enfrentada com polarização ou propaganda”, enfatizou Cortés.
Jornalista de Meio Ambiente e Saúde
eltiempo